1 de ago. de 2014

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Tenho a alma livre. E por ser livre ela vaga por aí e faz morada no teu sorriso. Entra pelas frestas dessa muralha construída ao teu redor e se aloja na casa da tua alma – desculpa, mas tua alma vive no sorriso, não nos olhos.

Minha alma então puxa assunto com a tua, quer desvendar, desnudar e dividir os souvenirs das viagens a outros sorrisos, do mochilão que ela tem feito desde o dia que eu concedi a alforria. Mas a tua foge, se esconde, tira a chaleira do fogo e se fecha no quarto. Não quer conversa.

 A liberdade da minha alma assusta a tua. Assusta os lugares por onde ela andou, desinibida acenando para sorrisos despretensiosos, e assusta mais ainda o fato que, mesmo sendo livre e podendo estar em qualquer lugar, ela quer ficar aqui, braço com braço com a tua.

E livremente ela fica, sentada no sofá da sala da casa da tua alma, esperando um café ou uma conversa a toa, mesmo que o mundo lá fora tenha os melhores cafés para papilas apuradas. Não importa, a paz da minha alma está no sorriso que eu só vejo quando a tua alma resolve olhar pra mim e me diz com os olhos que me espera pra dividirmos a vida. Não agora. A vida ainda não voltou pra fervura.

Marina Oliveira

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